quarta-feira, 30 de março de 2011

Breve história da Covilhã, onde já laboraram centenas de pessoas em dezenas de fábricas!




O passado da Covilhã remonta aos tempos da romanização da Península Ibérica, quando foi castro proto-histórico, abrigo de pastores lusitanos e fortaleza romana conhecida por Cava Juliana ou Silia Hermínia. Quem mandou erguer as muralhas do seu primitivo castelo foi D. Sancho I que em 1186 concedeu foral de Vila à Covilhã. E, mais tarde, foi D. Dinis que mandou construir as muralhas do admirável bairro medieval das Portas do Sol. Era já na Idade Média uma das principais “vilas do reino”, situação em seguida confirmada pelo facto de grandes figuras naturais da cidade ou dos arredores se terem tornado determinantes em todos os grandes Descobrimentos dos sécs. XV e XVI: o avanço no Oceano Atlântico, o caminho marítimo para a Índia, as descobertas da América e do Brasil, a primeira viagem de circum-navegação da Terra. Em plena expansão populacional quando surge o Renascimento, sector económico tinha particular relevo na agricultura, pastorícia, fruticultura e floresta. O comércio e a indústria estavam em franco progresso. Gil Vicente cita “os muitos panos finos”. O Infante D. Henrique, conhecendo bem esta realidade, passou a ser “senhor” da Covilhã. A gesta dos Descobrimentos exigia verbas avultadas. As gentes da vila e seu concelho colaboraram não apenas através dos impostos, mas também com o potencial humano. A expansão para além-mar iniciou-se com a conquista de Ceuta em 1415. Personalidades da Covilhã como Frei Diogo Alves da Cunha, que se encontra sepultado na Igreja da Conceição, participaram no acontecimento. A presença de covilhanenses em todo o processo prolonga-se com Pêro da Covilhã (primeiro português a pisar terras de Moçambique e que enviou notícias a D. João II sobre o modo de atingir os locais onde se produziam as especiarias, preparando o Caminho Marítimo para a Índia) João Ramalho, Fernão Penteado e outros. Entre os missionários encontramos o Beato Francisco Álvares, morto a caminho do Brasil; frei Pedro da Covilhã, capelão na expedição de Vasco da Gama para a Índia, o primeiro mártir da Índia; o padre Francisco Cabral missionário no Japão; padre Gaspar Pais que de Goa partiu para a Abissínia; e muitos outros que levaram, juntamente com a fé, o nome da Covilhã para todas as partes do mundo. Os irmãos Rui e Francisco Faleiro, cosmógrafos, tornaram-se notáveis pelo conhecimento da ciência náutica. Renascentista é Frei Heitor Pinto, um dos primeiros portugueses a defender, publicamente, a identidade portuguesa. A sua obra literária está expressa na obra “Imagem da Vida Cristã”. Um verdadeiro clássico. A importância da Covilhã, neste período, explica-se não apenas pelo título “notável” que lhe concedeu o rei D. Sebastião como também pelas obras aqui realizadas e na região pelos reis castelhanos. A Praça do Município foi até há poucos anos, de estilo filipino. Nas ruas circundantes encontram-se vários vestígios desse estilo. No concelho também. Exemplos de estilo manuelino também se encontram na cidade. É o caso de uma janela manuelina da judiaria da Rua das Flores. É o momento de citar o arquitecto Mateus Fernandes, covilhanense, autor do projecto da porta de entrada para as Capelas imperfeitas, no mosteiro da Batalha.
As duas ribeiras que descem da Serra da Estrela, Carpinteira e Degoldra, atravessam o núcleo urbano e estiveram na génese do desenvolvimento industrial. Elas forneciam a energia hidráulica que permitiam o laborar das fábricas. Junto a essas duas ribeiras deve hoje ser visto um interessante núcleo de arqueologia industrial, composto por dezenas de edifícios em ruínas. Nos dois locais são visíveis dezenas de antigas unidades, de entre as quais se referem a fábrica-escola fundada pelo Conde da Ericeira em 1681 junto à Carpinteira e a Real Fábrica dos Panos criada pelo Marquês de Pombal em 1763 junto à ribeira da Degoldra. Esta é agora a sede da Universidade da Beira Interior na qual se deve visitar o Museu de Lanifícios, já considerado o melhor núcleo museológico desta indústria na Europa. A Covilhã foi, finalmente, elevada à condição de cidade a 20 de Outubro de 1870 pelo Rei D. Luís I, por ser “uma das villas mais importantes do reino pela sua população e riqueza”.

terça-feira, 29 de março de 2011

CONVITE

A Produção do filme "Lanificios.Doc" convida todos os interessados a participar no programa da Tosquia no próximo dia 2 de Abril a partir das 13 horas em Vila Nova de Tazem. Confirma a tua presença.

Registo fotográfico da 1ª "visita" à Covilhã, do LANIFÍCIOSDOC...










No interior de uma fábrica abandonada, com a porta aberta. Foi só apontar e tirar, nem foi preciso entrar.

















sexta-feira, 25 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

ÚLTIMA HORA


Há neste momento e a partir de hoje matéria de negociação com a SIC. O valor que hoje me apresentaram pelas imagens que constam na cassete VHS desceu bastante, o que pode permitir a sua compra e consequente uso no documentário. Mais pormenores brevemente.
Luis Silva

sábado, 19 de março de 2011

BANDA SONORA do filme


Já temos um voluntário.
David Fidalgo, natural de Paranhos da Beira voluntariou-se para fazer a banda sonora do Documentário. Cumpre-se assim mais uma missão que é o filme ser produzido e realizado por gente beirã. Desde o realizador, passando pela vos-off, pela jornalista, pelo reporter fotográfico e pela musica, todos são da região.
Siga o site de David Fidalgo em: http://www.myspace.com/damaropt/music
VEJA UM VIDEO DE DAVID FIDALGO EM ACTUAÇÃO:

sexta-feira, 18 de março de 2011

Faça a BANDA SONORA do filme


LANÇAMOS AQUI O DESAFIO a quem queira fazer a banda sonora do filme LANIFICIOS.DOC que está aberta essa possibilidade. Para tal basta enviar um e´mail para lanificiosdoc@gmail.com para trocarmos umas impressões. FAÇA PARTE DESTE PROJECTO e colabore. A sua música pode chegar a vários pontos do País e do Estrangeiro através do filme.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Parque Temático dedicado à História de Portugal poderá ser instalado em Vodra


Câmara quer comprar património da Vodrages.
Eduardo Brito não divulgou valores para a aquisição, mas os bens imóveis e móveis foram avaliados em cerca de sete milhões de euros. A Câmara Municipal de Seia quer instalar em Vodra um Parque Temático dedicado à História de Portugal, anunciou Eduardo Brito na última reunião do Executivo, que decorreu no passado dia 13. Para o efeito, a autarquia terá de adquirir o complexo industrial da Vodrages (antiga Vodratex). Nesse sentido, a autarquia vai apresentar uma proposta para a aquisição dos bens imóveis, apreendidos a favor da massa falida e que se encontram em venda extra-judicial, através de negociação particular. Ao PE o autarca referiu ser um projecto a que «quer dar corpo» neste mandato: «Faz sentido que a
Câmara procure parcerias privadas para que se lance um projecto nessa área, de modo a que constitua um atractivo com dimensão nacional e internacional capaz de motivar a vinda de mais gente a Seia», adiantou. Salienta que «uma das hipóteses» possíveis de localização «poderá ser a fábrica de Vodra», embora não afaste outras, sem especificar quais. Por isso, a Câmara Municipal pretende entrar na corrida para a aquisição de nove prédios urbanos, seis prédios rústicos e um prédio misto, que se encontram implantados numa extensa área com cerca de nove hectares, avaliados em cerca de sete milhões de euros. Não está também posta de lado a hipótese de ser apresentada proposta para aquisição de alguns bens móveis que possam vir a enriquecer o património do futuro Museu dos Lanifícios. Sem nunca referir o valor da proposta a apresentar, adianta que a base de licitação «é muito elevada» e que «nem de longe nem de perto aquele terreno vale esse dinheiro». Instado também a especificar as linhas gerais do futuro Parque Temático, Eduardo Brito referiu que «é uma infra-estrutura cultural de grande dimensão», existindo neste momento apenas «uma espécie de guião», encomendado a uma empresa da especialidade, sobre o que deve ser um Parque daquela natureza. Esse estudo destacará a forte presença do elemento água, bem como, entre outros aspectos, a especificidade da configuração do terreno e da própria localização, deixando antever a fábrica de Vodra «como local com condições excelentes para desenvolver a ideia». Quanto a custos, o Presidente da Câmara disse que «é muito cedo» para avançar com estimativas: «Estamos apenas no momento dos estudos do ponto de vista científico e, portanto, ainda numa fase muito embrionária». Só falou agora no assunto para anunciar ao Executivo que iria ser apresentada uma proposta para aquisição dos bens móveis e para justificar o motivo do interesse camarário no terreno. «É cedo ainda para fixar custos», realçou. Confrontado com a questão de saber se a Câmara Municipal ao avançar para este Parque Temático não estaria a pôr de lado a proposta do Museu do Pão para a criação de um parque ligado ao tema, junto ao rio Seia, Eduardo Brito adianta que não: «Antes pelo contrário». Segundo o autarca, a novidade, «que já vem sendo trabalhada há dois anos», passa assim para o domínio público, sendo agora o tempo de começar a falar com os promotores – realçando que o Museu do Pão é um deles –, com os quais vai «trocar impressões», prometendo fazê-lo a breve prazo. Salientou, entretanto, que os contactos com a banca «já começaram».
Projecto poderá ser financiado pela União Europeia
O edil não esconde que o momento «não é bom», mas reafirma que estas obras «não escolhem momentos e que as dificuldades têm que ser vencidas com determinação e imaginação, procurando novas fontes de financiamento e novos parceiros». Disse também que o projecto vai ser objecto de candidatura ao Quadro de Referência Estratégica Nacional – QREN (2007-2013) – e que o Governo «vai ser confrontado» com a iniciativa, devendo «assumir a responsabilidade da conversão de uma indústria têxtil para outros fins». Um senão parece,contudo, afectar o investimento. As acessibilidades ao local constituem um problema que a Câmara terá que resolver urgentemente. «Isso também se resolve», adiantou, sem todavia mencionar quaisquer pormenores. Ainda que tenha defendido o projecto do Parque Temático, o Presidente da Câmara não escondeu o desejo de que possa aparecer ainda um empresário que pretenda montar ali uma nova indústria e criar novos postos de trabalho. «Mas caso isso não aconteça, a autarquia tem que intervir, porque tem responsabilidades no ordenamento do território». Pese embora o facto de um ano após ter sido decretada a falência não ter aparecido ainda um investidor interessado em manter os postos de trabalho, aproveitando a abundante água do complexo para aí instalar, por exemplo, uma secção de tinturaria e lavagem de lãs, o autarca temerá que a unidade seja convertida para o mesmo ramo. Deixa, por isso, um aviso ao mercado: caso a Câmara Municipal não consiga comprar o complexo, «não vai ser permitida ali a implantação de qualquer coisa, de qualquer maneira e feitio», até porque se trata apenas de uma zona industrial e florestal, «não tendo qualquer aptidão urbana», sublinha. Recorde-se que a falência da Vodrages - Tecidos e Fios, S.A., encerrada desde Janeiro de 2005, foi decretada pelo Tribunal de Seia em Julho do ano passado. Sobre a Vodrages pende uma hipoteca de 1,2 milhões de euros e um passivo próximo dos 10 milhões de euros. Já os cerca de 100 trabalhadores reclamam apenas um mês de salário em atraso e 50 por cento do subsídio de Natal. Os principais credores são o Montepio Geral, a Fazenda Nacional, o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), a Segurança Social e o Fundo de Revitalização e Modernização Empresarial (FRME). A Comissão de Credores, a quem cabe analisar as propostas e decidir, ou não, a sua adjudicação, é constituída pelo FMRE, Montepio Geral, IAPMEI, Segurança Social e Francisco Fernandes, representante dos trabalhadores.
A Vodrages sucedeu à Vodratex, que chegou a empregar 1.500 trabalhadores. A nova sociedade foi constituída por um grupo de funcionários locais e quadros de uma empresa de Castelo Branco; mas as dificuldades regressaram e o projecto fracassou no início de 2005.


Arquivo do Porta da Estrela: Edição de 20-06-2006

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os LANIFÍCIOS dos concelhos de Seia e Gouveia utilizavam estações de comboios do distrito de Viseu!


Estação de NELAS nos anos 60, cedidas pelo João Ribeiro Silva, com autorização de "jdacosta"


As fábricas existentes nos concelhos de Gouveia e Seia, utilizavam as estações de comboios de Nelas e Gouveia Gare, para enviar/escoar toda a sua produção, assim como receber alguma da matéria prima necessária à sua produção. De referir que ambas, são no distrito de Viseu, respectivamente concelhos de Nelas e Mangualde.
A Linha da Beira Alta encontra a cidade de Nelas ao ponto quilométrico 117.2, assinalado numa placa no lado de dentro do edifício da estação. Segundo os livros de actas da Câmara Municipal de Nelas, esta estação de caminhos-de-ferro já estava construída no ano de 1876, mas a sua inauguração oficial, bem como a de toda a linha ferroviária, só se deu no dia 3 de Agosto de 1882. Tal como em muitas outras estações espalhadas pela Linha da Beira Alta, nesta também podemos encontrar a arte do azulejo Português. A Beira Interior é aqui representada com os trajes tradicionais e a Lagoa Comprida, na Serra da Estrela. Não deixe de apreciar estas obras de arte, dos autores Francisco Pereira e Licínio Pinho.
Relativamente à estação de Gouveia Gare, não conseguimos encontrar, até agora, muita informação. Mas podemos dizer que, apenas tem este nome porque servia maioritariamente o concelho de Gouveia, apesar de ficar no concelho de Mangualde, freguesia de Abrunhosa-a-Velha, próximo de Vila Mendo de Tavares. Segundo informação recolhida no local, Gouveia Gare, não foi o seu nome original. Inicialmente chamou-se Estação de Vila Mendo, depois Estação de Cabra e actualmente Gouveia Gare.
"Cabra" está relacionado com uma das actuais freguesias de Gouveia, próxima da estação e que actualmente se chama Ribamondego. O nome "Cabra" foi usado até 1954, utilizando desde então Ribamondego. "Cabra" foi até ao inicio do século XIX vila e sede de concelho. O brasão, conforme podem confirmar, tem duas cabras. Ainda em relação a este nome, foi-nos dito que originalmente seria "Cadra" e não "Cabra". Efectivamente ainda existe em Ribamondego uma rua com o nome de Cadra
Os edifícios da estação, Gouveia Gare, foram restaurados o ano passado, estando neste momento muito bem conservados. Deixou de ser usada porque o mesmo concelho tem uma estação em Mangualde. Também ali se verifica a desertificação, podemos observar vários edifícios abandonados, que foram importantes armazéns de apoio à estação de comboios.