sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Industria de Lanifícios em Loriga

Fontes:


As primeiras referências sobre os Lanifícios em Portugal, datam do século XVII, mais precisamente ao ano 1675.
Em alguns registos de Loriga do século XVIII, vamos encontrar dados concretos da existência já nessa altura de um próspero negócio de lã, a matéria prima para a Industria de Lanifícios.
Nessa época a lã era manufacturada sem nenhum auxilio mecânico e, por isso mesmo, durante muitos anos, foi usada a fabricação doméstica, com teares manuais a trabalhar em diversas casas, ou com as escarameadeiras (mulheres que farripavam a lã depois de lavada tirando os ciscos e outras aderências) nas casas dos próprios fabricantes.
A partir dos meados do século XIX, começam então a construir-se as primeiras Fábricas que, durante mais de um século, foram de grande laboração e de enorme movimentação industrial.
Apesar das deficientes vias de comunicação que obrigava o transporte das matérias-primas no dorso dos animais de carga, Loriga, era em 1881, a localidade mais industrializada na aba ocidental da Serra da Estrela, com várias unidades de produção têxtil, empregando mais de 200 operários.
As primeiras Fábricas a serem construídas em Loriga, foram por iniciativa de Manuel Mendes Freire e José Marques Guimarães, que na altura, eram já uns conceituados negociantes em Lã.
Em 1872 o Jornal "O Conimbricense" publicado em Coimbra, escreveu sobre as Fábricas de Lanifícios em Loriga, onde publicava que havia nesta Vila quatro fábricas, três a funcionar e outra começada, que se deviam unicamente aos esforços particulares.
À medida que iam procedendo na mecanização das Fábricas em Loriga, os industriais Loriguenses, recorriam ao mercado da Covilhã, no sentido de contratarem especializados.
Na última década do século XIX, chegou a Loriga um belga de nome Pierre, por onde se manteve até 1898; Joaquim F. Nogueira, que em Loriga constituiu família e veio a ser o pai do Cónego Manuel Fernandes Nogueira; um senhor de nome Teles, que viria a falecer já muito velhinho; Adriano de Sousa Torrão; António Ramos e muitos outros, que não sendo de Loriga, ficaram para sempre ligados à Industria de Lanifícios desta localidade.
A partir de 1930, e após a construção da estrada que passou a ligar São Romão a Loriga, a Industria de Lanifícios em Loriga, foi-se modernizando, de maneira a poder competir com a sua congénere do país.
Por esse motivo e durante anos, era considerada a Vila mais industrializada do Concelho de Seia e também do Distrito da Guarda.


Fábrica da Fonte dos Amores
Fundada em 1856 por Manuel Mendes Freire, Manuel Moura Luís e Abílio Luís Brito Freire, cardava e fiava lã para frises, saragoças e palmilhas.
Possuía uma roda hidráulica de madeira com força de 16 cavalos. Em 1899 passou para a firma Leitão & Irmãos e Companhia.
Tinha Secção de Cardação; Secção de Tinturaria e Secção de Ultimação.
 Em 1939, foi construída a parte nova, reconstruído o prédio que tinha ardido, e também reconstruído a secção de tinturaria em 1954.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 11.477 KVH, equivalente a 6.923$00, ocupando uma área de 2.810 m2.
As máquinas que trabalhavam a vapor eram alimentadas por uma caldeira horizontal de vapor, que consumia 1.000 quilogramas de lenha por dia de oito horas
Trabalhando normalmente gastava por ano cerca de 70.000 de matérias primas. Fabricava todo o género de artigos cardados, tanto para homens como para senhoras, passando mais tarde a dedicar-se a artigos leves para senhoras, como crepes, popelinas etc., e também a fazenda de agasalho para inverno

Fábrica da Fândega
Fundada em 1862 por José Marques Guimarães, Na década de 1920, esta Fábrica passou a pertencer à Sociedade Carlos Nunes Cabral & Comp., e mais tarde passando a ser propriedade da firma Moura Cabral & Companhia.
Tinha duas rodas hidráulicas ambas no mesmo edifício junto à ribeira, uma roda de madeira com força de 30 cavalos, colocada no topo do edifício virado para o caminho, ou seja para o sul, e outra situada a nascente do edifício.
Produzia frises, saragoças e palmilhas. Encerrou definitivamente em 1949.
 Sendo a primeira das fábricas, a paralisar, devido à impossibilidade de boas vias de acesso.

Fábrica do Regato

Foi organizada em 1869 pela firma Plácido Luís de Brito & Companhia. O seu nome deve-se ao facto de ter sido construída na propriedade do mesmo nome. Tinha uma roda hidráulica com força de 15 cavalos. Esta roda foi dali retirada pouco depois do 25 de Abril de 1974, tendo sido a última das rodas a desaparecer, da chamada industria de lanifícios de Loriga.
Foi também construída a chamada "Fábrica de Cima" tendo sida edificada nesta um anexo em 1937. Substituiu a tecelagem manual pela mecânica em 1934 e em 1938 passou a ser a firma:-Pina Nunes & Companhia, sociedade que viria a terminar em 1950. Este edifício tinha também uma roda hidráulica, que tendo depois sido retirada foi substituída por um motor a gasóleo. Em 1962 encerrou definitivamente, como Fábrica de Lanifícios. Ocupava uma área total de 1.180 m2, sem contar com o anexo chamado Escaldadore. Tinha Secção de cardação e Secção de Ultimação.
Produzia por mês (em horário de 8 oitos diárias) 5.000 quilogramas de fio Nr.50, consumindo por ano cerca de 50.000 quilogramas de matérias primas (lã e outras fibras). Fabricava todos os artigos para homem e senhora, especialmente artigos cardados.
Mais tarde e até aos nossos dias, estas dependências passaram a laborar na actividade de malhas.




Fábrica da Redondinha
Entrou em laboração já depois de 1878, e durante muitos anos pertenceu ao industrial Augusto Luís Mendes, que a geriu sob a firma Augusto Luís Mendes & Comp. Limitada.
Consumia mensalmente de energia eléctrica motriz e de iluminação 68.631 KWH, equivalente a 5.117$00 escudos. Ocupando uma área de 2.000 m2.
Tinha duas rodas hidráulicas, uma no edifício (onde até à pouco anos esteve instalada a firma Jomabril) e outra na casa de baixo onde até à poucos anos esteve instalada a firma de Manuel Carvalho.
O prédio de baixo, era o único quando iniciou a laboração. Em 1939, foram construídas novas instalações, tendo sido uma parte delas, devorada por um incêndio na década de 1950. Essas instalações, foram de imediato reconstruídas entrando novamente em laboração em 1954.
Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Encerrou em definitivo as suas portas, em princípios da década de 1970.

Fábrica Nova
Iniciou a sua actividade laboral em 1905 sendo fundada pelos sócios Augusto César Mendes Lages & José Gouveia Júnior, que mandaram construir um prédio de laboração e um outro separado do primeiro, por roda hidráulica. No ano 1920 passou para a firma -Moura Cabral & Companhia, tendo, em 1939, mandado construir outro prédio muito mais amplo, sobranceiro aos prédios iniciais. Mais tarde, em 1956, procederam a nova ampliação das instalações, fazendo novo prédio ainda de maiores dimensões.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 17.784 KVH, equivalente a 8.811$00 escudos, ocupando uma área total de 2.750 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação, Tecelagem, Lavagem, Tinturaria e Ultimação.
Fábrica das Lamas
Foi criada em 1932, por José Lages e, após o falecimento da sua esposa, passou a girar sob a firma:- Lages, Santos & Comp., pertencendo depois à firma Lages Santos & Sucessores, Lda.
Era alimentada por uma turbina hidráulica de 36 HP e um motor a gasóleo de 22 cavalos, que trabalhava na falta de água. Ocupava uma área de 1.140 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação e Ultimação.
Produzia por mês (em horário de 8 horas) 2.000 quilogramas de fio Nr.50, que trabalhando normalmente consumia por ano, 38.000 quilos de lã e outras fibras.
Fabricava fazendas para moscous de sobretudos para homem e senhora. Encerrou definitivamente em 1972

Mais tarde passou a pertencer à firma Pedro Vaz Leal e Comp., onde passou a desenvolver a actividade siderúrgica.

Fábrica das Tapadas
Foi das primeiras fábricas a ser construída em Loriga, sendo atribuída a sua fundação a diversas pessoas. Em registos escritos em 1872, dão conta nesse ano da construção de uma casa bastante espaçosa e pertencente a diversos indivíduos, no sentido de sediarem ali uma fábrica. Este local hoje chamado "Tapadas" na altura da construção desse prédio era mais conhecido por "Águas Limpas".
Esta Fábrica durante a sua existência pertenceu a várias pessoas ou firmas e teve maior laboração a partir de 1918.
 Entre algumas aqui se regista ter por ali passaram uma firma que teve como nome "Fábrica Nacional de Lanificios de Albano de Pina Mello".
Possuía uma roda de madeira, que durante grande tempo permitiu a sua actividade.
O último proprietário da Fábrica das Tapadas, foi Valério Cardoso, conhecido industrial e comerciante de Lãs, natural de Alvoco da Serra, casado com a senhora Filomena Santos Conde, de Loriga.
Encerrou definitivamente as suas portas, nas meadas da década de 1960. Alguns anos depois esta Fábrica das Tapadas foi transformada em casa de habitação.

Fábrica dos Leitões
Foi criada em 1899 pela firma Leitão & Irmãos e Companhia. Em 1948 passou a ser gerida sob firma Leitão & Irmãos. Foi ampliada no ano de 1939, parte das instalações foi devastada por um incêndio, tendo depois, em 1954 sido restaurada. Encerrou em 1967 e, tempos depois e até hoje, várias firmas de malhas por ali já passaram, mantendo assim em laboração todas as dependências desta antiga fábrica.
A fábrica Leitão & Irmãos, tinha duas rodas hidráulicas, uma no prédio de cima, outra no edifício de baixo. A roda de cima, foi retirada e no mesmo lugar foi construído um tanque hoje ainda existente. A prédio dos "bicos" assim chamado, nunca teve qualquer roda.
Em 1929 a Fábrica de Lanifícios da Estrela Leitão & Irmãos e Companhia, foi premiada com a medalha de prata na II Exposição das Beiras. Em 1932 foi também premiada com a medalha de prata na Grande Exposição Industrial Portuguesa.

Fábrica do Pomar - "Nunes Brito"
Fábrica fundada em 1929, após constituição de uma sociedade registada como Nunes & Brito, firma esta que laborou até 1948.
Consumia mensalmente de energia eléctrica em força motriz e iluminação, 6.015 KWH, equivalente a 3.700$00 escudos. Ocupando uma área de 1.938 m2. Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Em 17 de Fevereiro de 1948, e após escritura pública, a Fábrica do Pomar, passou a ser gerida pela firma:- 
Nunes, Brito & Companhia, Limitada, criada por:- António Nunes Luíz; Alfredo Nunes Luíz; António João de Brito Amaro; António Nunes de Brito; António Nunes Ribeiro; José Nunes de Moura; Carlos Nunes Cabral; José da Silva Bravo e Maria dos Anjos Antunes de Moura.
Constava dos seus Estatutos, como sendo uma firma constituída com um capital social de 252.000$00, em que tinha a sua sede em Loriga, na Fábrica do Pomar, e tinha como objectivo a exploração da industria e comércio de lanifícios.
No ano de 1972, a Fábrica do Pomar passou a pertencer à firma:-Moura Cabral & Companhia.

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