segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Em Seia também fomos e somos, bem tratados. Em especial no Bairro da FISEL












Tributo

A todos os que têm colaborado com o filme LANIFICIOS.DOC fica aqui o meu tributo agora que chegámos a meio das filmagens. Temos passado bons momentos, temos aprendido muito sobre a matéria e temos sido muito bem recebidos em todas as localidades. A todos os que participam agradecemos o contributo. Agora é tempo de rumar a Vodra, Gouveia, Guarda, Covilhã e Unhais da Serra.
imagens não editadas

sábado, 29 de janeiro de 2011

Obrigado Seia, Obrigado Bairro da Fisel

Hoje andámos a filmar em Seia. Revelações extraordinárias pela voz de ex-operários da Fisel. Brevemente um pequeno video de exemplo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Industria de Lanifícios em Loriga

Fontes:


As primeiras referências sobre os Lanifícios em Portugal, datam do século XVII, mais precisamente ao ano 1675.
Em alguns registos de Loriga do século XVIII, vamos encontrar dados concretos da existência já nessa altura de um próspero negócio de lã, a matéria prima para a Industria de Lanifícios.
Nessa época a lã era manufacturada sem nenhum auxilio mecânico e, por isso mesmo, durante muitos anos, foi usada a fabricação doméstica, com teares manuais a trabalhar em diversas casas, ou com as escarameadeiras (mulheres que farripavam a lã depois de lavada tirando os ciscos e outras aderências) nas casas dos próprios fabricantes.
A partir dos meados do século XIX, começam então a construir-se as primeiras Fábricas que, durante mais de um século, foram de grande laboração e de enorme movimentação industrial.
Apesar das deficientes vias de comunicação que obrigava o transporte das matérias-primas no dorso dos animais de carga, Loriga, era em 1881, a localidade mais industrializada na aba ocidental da Serra da Estrela, com várias unidades de produção têxtil, empregando mais de 200 operários.
As primeiras Fábricas a serem construídas em Loriga, foram por iniciativa de Manuel Mendes Freire e José Marques Guimarães, que na altura, eram já uns conceituados negociantes em Lã.
Em 1872 o Jornal "O Conimbricense" publicado em Coimbra, escreveu sobre as Fábricas de Lanifícios em Loriga, onde publicava que havia nesta Vila quatro fábricas, três a funcionar e outra começada, que se deviam unicamente aos esforços particulares.
À medida que iam procedendo na mecanização das Fábricas em Loriga, os industriais Loriguenses, recorriam ao mercado da Covilhã, no sentido de contratarem especializados.
Na última década do século XIX, chegou a Loriga um belga de nome Pierre, por onde se manteve até 1898; Joaquim F. Nogueira, que em Loriga constituiu família e veio a ser o pai do Cónego Manuel Fernandes Nogueira; um senhor de nome Teles, que viria a falecer já muito velhinho; Adriano de Sousa Torrão; António Ramos e muitos outros, que não sendo de Loriga, ficaram para sempre ligados à Industria de Lanifícios desta localidade.
A partir de 1930, e após a construção da estrada que passou a ligar São Romão a Loriga, a Industria de Lanifícios em Loriga, foi-se modernizando, de maneira a poder competir com a sua congénere do país.
Por esse motivo e durante anos, era considerada a Vila mais industrializada do Concelho de Seia e também do Distrito da Guarda.


Fábrica da Fonte dos Amores
Fundada em 1856 por Manuel Mendes Freire, Manuel Moura Luís e Abílio Luís Brito Freire, cardava e fiava lã para frises, saragoças e palmilhas.
Possuía uma roda hidráulica de madeira com força de 16 cavalos. Em 1899 passou para a firma Leitão & Irmãos e Companhia.
Tinha Secção de Cardação; Secção de Tinturaria e Secção de Ultimação.
 Em 1939, foi construída a parte nova, reconstruído o prédio que tinha ardido, e também reconstruído a secção de tinturaria em 1954.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 11.477 KVH, equivalente a 6.923$00, ocupando uma área de 2.810 m2.
As máquinas que trabalhavam a vapor eram alimentadas por uma caldeira horizontal de vapor, que consumia 1.000 quilogramas de lenha por dia de oito horas
Trabalhando normalmente gastava por ano cerca de 70.000 de matérias primas. Fabricava todo o género de artigos cardados, tanto para homens como para senhoras, passando mais tarde a dedicar-se a artigos leves para senhoras, como crepes, popelinas etc., e também a fazenda de agasalho para inverno

Fábrica da Fândega
Fundada em 1862 por José Marques Guimarães, Na década de 1920, esta Fábrica passou a pertencer à Sociedade Carlos Nunes Cabral & Comp., e mais tarde passando a ser propriedade da firma Moura Cabral & Companhia.
Tinha duas rodas hidráulicas ambas no mesmo edifício junto à ribeira, uma roda de madeira com força de 30 cavalos, colocada no topo do edifício virado para o caminho, ou seja para o sul, e outra situada a nascente do edifício.
Produzia frises, saragoças e palmilhas. Encerrou definitivamente em 1949.
 Sendo a primeira das fábricas, a paralisar, devido à impossibilidade de boas vias de acesso.

Fábrica do Regato

Foi organizada em 1869 pela firma Plácido Luís de Brito & Companhia. O seu nome deve-se ao facto de ter sido construída na propriedade do mesmo nome. Tinha uma roda hidráulica com força de 15 cavalos. Esta roda foi dali retirada pouco depois do 25 de Abril de 1974, tendo sido a última das rodas a desaparecer, da chamada industria de lanifícios de Loriga.
Foi também construída a chamada "Fábrica de Cima" tendo sida edificada nesta um anexo em 1937. Substituiu a tecelagem manual pela mecânica em 1934 e em 1938 passou a ser a firma:-Pina Nunes & Companhia, sociedade que viria a terminar em 1950. Este edifício tinha também uma roda hidráulica, que tendo depois sido retirada foi substituída por um motor a gasóleo. Em 1962 encerrou definitivamente, como Fábrica de Lanifícios. Ocupava uma área total de 1.180 m2, sem contar com o anexo chamado Escaldadore. Tinha Secção de cardação e Secção de Ultimação.
Produzia por mês (em horário de 8 oitos diárias) 5.000 quilogramas de fio Nr.50, consumindo por ano cerca de 50.000 quilogramas de matérias primas (lã e outras fibras). Fabricava todos os artigos para homem e senhora, especialmente artigos cardados.
Mais tarde e até aos nossos dias, estas dependências passaram a laborar na actividade de malhas.




Fábrica da Redondinha
Entrou em laboração já depois de 1878, e durante muitos anos pertenceu ao industrial Augusto Luís Mendes, que a geriu sob a firma Augusto Luís Mendes & Comp. Limitada.
Consumia mensalmente de energia eléctrica motriz e de iluminação 68.631 KWH, equivalente a 5.117$00 escudos. Ocupando uma área de 2.000 m2.
Tinha duas rodas hidráulicas, uma no edifício (onde até à pouco anos esteve instalada a firma Jomabril) e outra na casa de baixo onde até à poucos anos esteve instalada a firma de Manuel Carvalho.
O prédio de baixo, era o único quando iniciou a laboração. Em 1939, foram construídas novas instalações, tendo sido uma parte delas, devorada por um incêndio na década de 1950. Essas instalações, foram de imediato reconstruídas entrando novamente em laboração em 1954.
Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Encerrou em definitivo as suas portas, em princípios da década de 1970.

Fábrica Nova
Iniciou a sua actividade laboral em 1905 sendo fundada pelos sócios Augusto César Mendes Lages & José Gouveia Júnior, que mandaram construir um prédio de laboração e um outro separado do primeiro, por roda hidráulica. No ano 1920 passou para a firma -Moura Cabral & Companhia, tendo, em 1939, mandado construir outro prédio muito mais amplo, sobranceiro aos prédios iniciais. Mais tarde, em 1956, procederam a nova ampliação das instalações, fazendo novo prédio ainda de maiores dimensões.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 17.784 KVH, equivalente a 8.811$00 escudos, ocupando uma área total de 2.750 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação, Tecelagem, Lavagem, Tinturaria e Ultimação.
Fábrica das Lamas
Foi criada em 1932, por José Lages e, após o falecimento da sua esposa, passou a girar sob a firma:- Lages, Santos & Comp., pertencendo depois à firma Lages Santos & Sucessores, Lda.
Era alimentada por uma turbina hidráulica de 36 HP e um motor a gasóleo de 22 cavalos, que trabalhava na falta de água. Ocupava uma área de 1.140 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação e Ultimação.
Produzia por mês (em horário de 8 horas) 2.000 quilogramas de fio Nr.50, que trabalhando normalmente consumia por ano, 38.000 quilos de lã e outras fibras.
Fabricava fazendas para moscous de sobretudos para homem e senhora. Encerrou definitivamente em 1972

Mais tarde passou a pertencer à firma Pedro Vaz Leal e Comp., onde passou a desenvolver a actividade siderúrgica.

Fábrica das Tapadas
Foi das primeiras fábricas a ser construída em Loriga, sendo atribuída a sua fundação a diversas pessoas. Em registos escritos em 1872, dão conta nesse ano da construção de uma casa bastante espaçosa e pertencente a diversos indivíduos, no sentido de sediarem ali uma fábrica. Este local hoje chamado "Tapadas" na altura da construção desse prédio era mais conhecido por "Águas Limpas".
Esta Fábrica durante a sua existência pertenceu a várias pessoas ou firmas e teve maior laboração a partir de 1918.
 Entre algumas aqui se regista ter por ali passaram uma firma que teve como nome "Fábrica Nacional de Lanificios de Albano de Pina Mello".
Possuía uma roda de madeira, que durante grande tempo permitiu a sua actividade.
O último proprietário da Fábrica das Tapadas, foi Valério Cardoso, conhecido industrial e comerciante de Lãs, natural de Alvoco da Serra, casado com a senhora Filomena Santos Conde, de Loriga.
Encerrou definitivamente as suas portas, nas meadas da década de 1960. Alguns anos depois esta Fábrica das Tapadas foi transformada em casa de habitação.

Fábrica dos Leitões
Foi criada em 1899 pela firma Leitão & Irmãos e Companhia. Em 1948 passou a ser gerida sob firma Leitão & Irmãos. Foi ampliada no ano de 1939, parte das instalações foi devastada por um incêndio, tendo depois, em 1954 sido restaurada. Encerrou em 1967 e, tempos depois e até hoje, várias firmas de malhas por ali já passaram, mantendo assim em laboração todas as dependências desta antiga fábrica.
A fábrica Leitão & Irmãos, tinha duas rodas hidráulicas, uma no prédio de cima, outra no edifício de baixo. A roda de cima, foi retirada e no mesmo lugar foi construído um tanque hoje ainda existente. A prédio dos "bicos" assim chamado, nunca teve qualquer roda.
Em 1929 a Fábrica de Lanifícios da Estrela Leitão & Irmãos e Companhia, foi premiada com a medalha de prata na II Exposição das Beiras. Em 1932 foi também premiada com a medalha de prata na Grande Exposição Industrial Portuguesa.

Fábrica do Pomar - "Nunes Brito"
Fábrica fundada em 1929, após constituição de uma sociedade registada como Nunes & Brito, firma esta que laborou até 1948.
Consumia mensalmente de energia eléctrica em força motriz e iluminação, 6.015 KWH, equivalente a 3.700$00 escudos. Ocupando uma área de 1.938 m2. Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Em 17 de Fevereiro de 1948, e após escritura pública, a Fábrica do Pomar, passou a ser gerida pela firma:- 
Nunes, Brito & Companhia, Limitada, criada por:- António Nunes Luíz; Alfredo Nunes Luíz; António João de Brito Amaro; António Nunes de Brito; António Nunes Ribeiro; José Nunes de Moura; Carlos Nunes Cabral; José da Silva Bravo e Maria dos Anjos Antunes de Moura.
Constava dos seus Estatutos, como sendo uma firma constituída com um capital social de 252.000$00, em que tinha a sua sede em Loriga, na Fábrica do Pomar, e tinha como objectivo a exploração da industria e comércio de lanifícios.
No ano de 1972, a Fábrica do Pomar passou a pertencer à firma:-Moura Cabral & Companhia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lorica, Município de Loriga, Vila Industrial... Vila de Loriga!

Fontes:
http://wikilusa.com/wiki/Loriga
http://aeiou.expresso.pt/conheca-famosos-que-vieram-do-portugal-profundo=f437948


Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe o centro histórico da vila. O local foi escolhido há mais de dois mil anos devido à facilidade de defesa (uma colina entre ribeiras), à abundância de água e de pastos, bem como ao facto de a as terras mais baixas providenciarem alguma caça e condições mínimas para a prática da agricultura. Desta forma estavam garantidas as condições mínimas de sobrevivência para uma população e povoação com alguma importância. O nome veio da localização estratégica da povoação, do seu protagonismo e dos seus habitantes nos montes Hermínios (actual Serra da Estrela) na resistência lusitana, o que levou os romanos a porem-lhe o nome de Lorica, designação geral para couraça guerreira romana. É um facto que os romanos lhe deram o nome de Lorica, e deste nome derivou Loriga (designação iniciada pelos Visigodos) e que tem o mesmo significado. Situada na parte Sudoeste da Serra da Estrela, a sua beleza paisagística é o principal atractivo de referência. Os socalcos e sua complexa rede de irrigação são um dos grandes ex-libris de Loriga, uma obra gigantesca construída pelos loriguenses ao longo de muitas centenas de anos e que transformou um vale belo mas rochoso num vale fértil. É uma obra que ainda hoje marca a paisagem do belíssimo Vale de Loriga, fazendo parte do património histórico da vila e é demonstrativa do génio dos seus habitantes. Em termos de património histórico, destacam-se também a ponte e a estrada romanas (século I a.c.), uma sepultura antropomórfica (século VI a.c.), a Igreja Matriz (século XII, reconstruída), o Pelourinho (século XIII,reconstruído), o Bairro de São Ginês (São Gens) com origem anterior à chegada dos romanos e a Rua de Viriato. A Rua da Oliveira, pela sua peculiaridade, situada na área mais antiga do centro histórico da vila, recorda algumas das características urbanas da época medieval. A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruiu no século XVI após uma grande cheia na Ribeira de S. Bento), com as quais os romanos ligaram Lorica, na Lusitânia, ao restante império, merecem destaque. O Bairro de São Ginês é um ex-libris de Loriga e nele destaca-se a capela de Nossa Senhora do Carmo, construída no local de uma antiga ermida visigótica precisamente dedicada àquele santo. Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos. O maior, mais antigo e principal, situava-se na área onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato e estava fortificado com muralhas e paliçada. No local do actual Bairro de S.Ginês existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma ermida dedicada àquele santo. Loriga era uma paróquia pertencente à Vigararia do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em 1233 pelo rei D. Sancho II. Esta igreja, cujo orago era já o de Santa Maria Maior e que se mantém, foi construída no local de outro antigo e pequeno templo, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo românico, com três naves, e traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra, esta igreja foi destruída pelo sismo de 1755, dela restando apenas partes das paredes laterais. O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XIII. Um emissário do Marquês de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou do governo de Lisboa qualquer auxílio. Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde a segunda metade do século XIX. Chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior, e a actual sede de concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX. Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga no número de empresas. Nomes de empresas, tais como: Regato, Redondinha, Fonte dos Amores, Tapadas, Fândega, Leitão & Irmãos, Augusto Luis Mendes, Lamas, Nunes Brito, Moura Cabral, Lorimalhas, etc, fazem parte da rica história industrial desta vila. A principal e maior avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes, o mais destacado dos antigos industriais loriguenses. Apesar dos maus acessos, que se resumiam à velhinha estrada romana de Loriga, com dois mil anos, o facto é que os loriguenses transformaram Loriga numa vila industrial. Loriga tinha a categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo recebido forais em 1136 (João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas, no reinado de D.Afonso Henriques), 1249 (D.Afonso III), 1474 (D.Afonso V) e 1514 (D.Manuel I). Apoiou os Absolutistas contra os Liberais na guerra civil portuguesa. Deixou de ser sede de concelho em 1855 após a aplicação do plano de ordenação territorial levada a cabo durante o século XIX, curiosamente o mesmo plano que deu origem aos Distritos. Porém, partir da segunda metade do século XIX, como já foi mencionado, tornou-se um dos principais pólos industriais da Beira Alta, com a implantação da indústria dos lanifícios, que entrou em declínio durante durante a última década do século passado o que está a levar à desertificação da Vila, facto que afecta de maneira geral as regiões interiores de Portugal. Actualmente a economia loriguense basea-se nas indústrias metalúrgica e de panificação, no comércio, restauração, alguma agricultura e pastorícia. A área onde existem as actuais freguesias de Alvoco da Serra, Cabeça, Sazes da Beira, Teixiera, Valezim, Vide, e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu ao Município Loriguense. A área que englobava o extinto município loriguense, constitui também a Associação de Freguesias da Serra da Estrela, com sede em Loriga. Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas e as únicas pistas e estância de esqui existentes em Portugal estão localizadas na área da freguesia da vila de Loriga.

Memória e Curiosidade:
Banhos na ribeira
Joaquim Pina Moura
Joaquim Pina Moura tinha 10 anos à data desta fotografia. Numa rocha em Ribeira de Loriga, é o mais alto, em pé, na fila de trás
Ir aos fins-de-semana passear de carro até ao Mondego era luxo que poucos meninos da província podiam gozar. Joaquim pôde. O pai tinha o seu próprio automóvel. Oriundo de uma família burguesa de Loriga (à época uma aldeia), "o pequeno Joaquim nunca soube o que era trabalhar".
A sua tarefa era estudar. Desde muito cedo se habituou a correr pelas fábricas de lanifícios, as grandes empregadoras de Loriga de que os seus avós, de ambos os lados, eram sócios. Na década de 20 tinham ganho dinheiro em Manaus, no Brasil, para potenciar esta indústria na terra. Lá viveu dois anos com direito a queda aparatosa que lhe deixaria na face uma marca que o obriga, até hoje, a repetir a história: num baldio, frente à casa, caiu direitinho em cima de uma garrafa partida. A mãe, professora primária, muda-se para casa alugada numa aldeia ainda menor, o Carvalhal.
Benvinda toma conta dos dois irmãos até aos quatro anos, data em que rumam ao Porto. Pelas suas ideias políticas, o pai, veterinário na autarquia de Seia, é demitido. Mas encontra trabalho na Invicta. "Dizem os anais que não me adaptei à vida na cidade, sentia uma nostalgia por um meio mais pequeno." Joaquim volta à província sem os pais. No Pereiro, uma tia zela por ele em casa e na escola, onde era professora. Hoje recorda a música e o movimento na festa das "papas", os banhos em Ribeira de Loriga, as rezas diárias e as férias grandes com primos e amigos. Volta anualmente a Loriga no primeiro dia de Agosto, para levar o pai à festa de Nossa Senhora da Guia. Embora orgulhoso das suas raízes, sente-se, sobretudo, urbano.
Hoje em dia é Presidente da Iberdrola.

Nota do Pinhas: Voltaremos a falar do Pereiro, onde o tema é logicamente os LANIFÍCIOS.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

OBRIGADO LORIGA

Mais um dia de filmagens para o documentário sobre os lanificios. Desta vez em Loriga, "A Suiça Portuguesa" onde fomos muito bem recebidos e acompanhados pelos amigos a quem brevemente faremos uma dedicatória através de um pequeno trailler. A arte de bem receber deixa-nos ainda mais forças e determinação para produzirmos e realizarmos um documentário que queremos seja o mais completo sobre esta matéria. Mais uma vez obrigado Zé Fernandes, Tó Loriga e demais amigos que nos acompanharam.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sabia que... III

Fontes:

"Seia - porta aberta para a Serra da Estrela..." - Héstia editores (2002)
"O Concelho de Seia em Tempo de Mudança", dos finais do século XIX ao desabar da 1ª República - Maria Lúcia Brito Moura (1997)

Entretanto, mais nomes de fábricas foram surgindo, o que, conforme foi já sublinhado, nem sempre corresponde ao aparecimento de novas empresas. Eram sociedades que se desfaziam, eram outras que tentavam lançar-se na industria tradicional, empregando capitais frequentemente acumulados no Brasil. Na primeira década do século surgiram a António Camello & Irmãos e a Martins & Camello em S. Romão, bem como a António Cabral e a Leitão & Irmãos em Loriga. As principais povoações ligadas à indústria continuam a ser Loriga, S. Romão e Alvoco da Serra. Contudo, em outras aldeias vão surgindo empresas de média dimensão. Vila Cova, no romper do século XX, tinha uma fábrica de lanifícios que pertencia a Joaquim da Silva Abranches. No inicio do século António Pereira, de Quintela, estabeleceu, junto ao Rio Ceia, no lugar de Pereiro, uma empresa do mesmo ramo. Em Junho de 1921, esta fábrica, pertencente então a Pereira & Genro, Sucessores - sociedade da qual faziam parte o Dr. Simões Pereira e seu sogro António Marques da Silva, foi destruída por violento incêndio.
A existência  de muitas empresas de pequena dimensão, onde decorriam, na maior parte dos casos, todas as operações de transformação da lã, não conduzia ao avanço técnico. Os inquiridores de 1881 aperceberam-se disto, denunciando a falta de instrução e de união entre os industriais que preferiam ter empresas sem viabilidade, quando poderiam associar esforços e capitais. Apontaram como exemplo Loriga, com sete fábricas, algumas com "vida enfezada", quando poderiam ter somente uma ou duas "que enriqueceriam aquela pequena vila". A Augusto Luiz Mendes & Sócios era uma exemplo de como era difícil constituir uma sociedade. Existia somente para a posse da fábrica mas não para a produção, pois os sócios serviam-se das máquinas às semanas, produzindo cada um para si separadamente. O trabalho das escolhedeiras, urdideiras e espinçadeiras, bem como a tinturaria, era feito em casa dos sócios. Este tipo de sociedade não se manteve por muito tempo. O Inquérito Industrial de 1890 já indicava a fábrica de Augusto Luiz Mendes, no sítio da Redondinha.
Um outro bloqueio ao desenvolvimento desta industria prendia-se com a falta de uma rede viária, o que aumentava os custos de transporte, quer de matérias primas quer de produtos acabados. Em 1910 um loriguense lamentava que "a mais importante povoação do concelho" não tivesse ainda uma estrada com ligação a Seia, pois que essa via, há muito projectada e iniciada há anos, estava longe de concluída, chegando a Valezim, a 9 Kms de distância. Assim, os custos de transporte entre a estação de caminho de ferro mais próxima - Nelas - e Loriga sofriam um considerável acréscimo, não contando com o tempo gasto e a necessidade de transbordo, efectuado em São Romão, dos carros para o dorso de animais que seguiam pelo caminho velho. Se isto era assim para os de Loriga, que dizer de Alvoco da Serra, outra aldeia com indústria, situada a cerca de 27 Kms da sede do concelho?
Contudo, a respeito de Loriga, apontada muitas vezes como "a mais importante povoação do concelho", alguns anos depois, o jovem advogado Avelino Cunhal, ao transmitir, em sessão realizada a 15 de Dezembro de 1918, as impressões colhidas numa visita que aí efectuou, confessava-se surpreendido com o movimento fabril e importância das transacções comerciais, isto apesar do isolamento em que viviam os loriguenses, ainda sem verem concluída a estrada, iniciada há muitos anos.
Se atendermos ao panorama geral da indústria nacional, talvez a da região não se encontrassem num estado muito lastimoso. Os prémios atribuídos a industriais do concelho no Segundo Congresso Beirão, parecem comprová-lo. António Alves da Rocha (Sucessores), de S. Romão e Augusto Luís Mendes & Cia, de Loriga, receberam medalhas de prata no fabrico de surrobecos; Viúva Domigos Mendes Martins & Filhos, de S. Romão, recebeu menção honrosa no domínio de lanifícios; menção honrosa, receberam igualmente António Alves da Rocha (Sucessores) relativamente a mantas e Leitão & Irmãos em surrobecos. A firma Viúva Domingos Mendes Martins recebeu um convite do governo para se fazer representar na exposição do Rio de Janeiro, a realizar pouco tempo depois.
O trabalho de transformação da lã não se limitava às fábricas. No concelho existiam ainda pequenas unidades ligadas aos têxteis e que teimosamente, continuavam a sobreviver. O Inquérito Industrial de 1890 dá-nos conta da existência de cinco pisoeiros e 101 tecelões, sendo 71 homens e trinta mulheres. Para lá destes artesãos ligados aos têxteis, havia no concelho, segundo a mesma fonte, 23 curtidores, 112 sapateiros, 2 tamanqueiros, 62 alfaiates, 11 ferradores, 6 funileiros, 34 pedreiros, 3 caldeireiros, 14 cesteiros, 72 moleiros e 18 trabalhadores de cerâmica.
Nada mau para um concelho de montanha e do interior. Por comparação com a situação que se verificava em 1878, há um relativo progresso:
      "Em 1878, o concelho produzia abundante centeio, azeite, frutas, excelente vinho, gado e caça (...) fazia importante comércio de lãs com as províncias do Norte de Portugal e Galiza; os industriais inscritos na matriz eram 1500 que gozavam de contribuições 2.250$647 réis, sendo 10 fabricantes de aguardente, 34 de azeite, 13 cardos, 6 fabricantes de curtumes, 13 fábricas de algodão, 22 pisões, 4 prensas de panos, 1 fábrica de sabão, 10 de telha, 22 tosadores de pano, 5 teares de tecidos de lã, 18 mercadores de algodão, 126 mercadores de lã em bruto, 6  de linho em rama, 54 de lã por miúdo, 54 de peles para curtir e 34 fabricantes de louça ordinária. O número de prédios inscritos na matriz era de 46.761, o rendimento colectável era de 95.798$761 réis e a contribuição predial de 5.440$26 réis" (Dicionário de Geografia universal, 1878)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A História de Alvoco da Serra pela influência económica, social e demográfica dos lanifícios é, em grande parte, a História dos lanifícios.

Fonte:
Site da Junta de Freguesia com textos de Dr. Jorge Albuquerque

Com o foral de D. Manuel I, Alvoco da Serra foi vila e sede de concelho até 1836, ano em que o concelho foi extinto. Tinha, em 1801, 667 habitantes. Entre 1836 e 1855 pertenceu ao concelho de Loriga, após o que passou a integrar o concelho de Seia.
Mas, a grande novidade do século XIX, são os lanifícios. De meados do século XIX a meados do século XX, Alvoco da Serra foi um centro importante de lanifícios, a fama da sua produção era nacional. Mas a manufactura doméstica da lã é muito antiga em Alvoco da Serra como o reconheceram já os Inquéritos Pombalinos. As fontes de abastecimento da matéria-prima alteraram-se com o devir histórico e assim, nos inícios do século XIX, fabricantes-negociantes de Alvoco da Serra abasteciam-se no Alentejo, preocupação pela qualidade das suas fazendas.
As fábricas vieram a surgir oriundas, por um lado, do peso da tradição manufactureira da lã, de capitais particulares provenientes do comércio dessas manufacturas e por outro, das condições locais: abundância de água para mover as rodas hidráulicas e abundância de lã; apesar de todas as crises, a indústria foi-se mantendo, contribuindo decisivamente para a estabilidade e aumento dos quantitativos populacionais. Com o encerramento das duas fábricas existentes, em meados da década de sessenta do século XX, a de Eduardo Moura e da Sociedade Mateus e Britos, encerrava-se, porventura, o capítulo mais importante da História de Alvoco da Serra, não é por acaso que neste século a sua população ou se mantém ou aumenta e vê dois dos seus filhos ascenderem ao baronato: o barão de São Domingos,  António Monteiro de Pina e o barão de Alvoco da Serra, Joaquim Monteiro de Pina. A partir da década de 60 é a decadência inexorável, a linguagem dos números é clara: 732 habitantes em 1960, 461 em 1980.
As fábricas deixaram de laborar nessa década, a maquinaria foi vendida, apenas restam os edifícios. A de Eduardo Moura foi adoptada a Turismo Rural e as duas que ultimamente pertenciam à firma Mateus e Britos, uma está a ser utilizada para habitação e, para a outra, existe um projecto de instalação de um Museu de Lanifícios. (aquando da nossa visita a Alvoco da Serra, foi-nos dito que o Município de Seia, comprou o edifício para instalar o Museu)   A História de Alvoco da Serra pela influência económica, social e demográfica dos lanifícios é, em grande parte, a História dos lanifícios.
Relativamente aos altos e baixos no nº de habitantes de Alvoco da Serra, podem ver o resultado da minha pesquisa:
Ano:                 Habitantes:
séc. XVIII        120 vizinhos
1801                 667
1878                 1.071
1900                 1.180
1960                 732
1980                 461
2001                 646


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Uma tarde de Sábado em Alvoco da Serra, a recolher imagens/entrevistas

Como diz o Luís, fomos naturalmente, bem recebidos pelos habitantes de Alvoco da Serra. O que se converteu numa tarde bem passada, com entrevistas que não estavam programadas, além da beleza natural, envolvente. Agradecemos a todos os que se cruzaram connosco.
Nas fotos, podem ver as três fábricas que já existiram naquela localidade, assim como os amáveis habitantes e naturais de Alvoco da Serra , que prontamente se disponibilizaram para a "entrevista".
Na "Casa da Ribeira" e na "Casa da Ponte", que foram uma das 3 fábricas, também fomos muito bem recebidos. (ultima foto)




domingo, 16 de janeiro de 2011

Obrigado ALVOCO DA SERRA

Devido à simpatia das gentes daquela localidade onde ontem andámos a filmar e a recolher depoimentos para o documentário, já não conseguimos ir a Loriga. A beleza natural daquela aldeia serrana e a história que alberga, fez com que andássemos toda a tarde por lá. Fizemos várias entrevistas de campo e registámos paisagens naturais unicas no País. No próximo fim de semana vamos andar em Loriga.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Agenda de filmagens exteriores

Amanhã (sábado) vamos andar a filmar em Alvoco da Serra, Loriga e provavelmente Valezim. As filmagens decorrem durante a tarde.

Sabia que... II

Fontes:
"Seia - porta aberta para a Serra da Estrela..." - Héstia editores (2002)
"O Concelho de Seia em Tempo de Mudança", dos finais do século XIX ao desabar da 1ª República - Maria Lúcia Brito Moura (1997)
"Monografia da Cidade e Concelho de Seia" - Padre Dr. J. Quelhas Bigotte (1992, 3ª edição) 

No inicio do séc. XIX, a crise acentuou-se, com as invasões francesas, abertura dos portos brasileiros e a outras nações e com o reforço do tratado comercial com a Inglaterra. Isto tudo prejudicou os lanifícios portugueses. Em 1818 as exportações de lanifícios caíram para 1/6 em relação ao ano de 1796. Só no segundo quartel do mesmo séc. aparecem os grandes investimentos capitalistas no sector. A industria de lanifícios tinha o primeiro lugar no investimento de capital fixo e corrente, em importação, de novos equipamentos, na construção de novas fábricas e naturalmente na dimensão do emprego criado. Em 1916, deveriam laborar no nosso País cerca de 160 fábricas ou oficinas de lanifícios. Em relação ao nosso concelho (Seia), já em 1881, num "Inquérito Industrial", eram referidas algumas oficinas de lanifícios em Seia (2), em São Romão (3), Loriga (7), e Alvoco da Serra (3).



Em Valezim desde 1866 que o industrial, Cândido Augusto Albuquerque Calheiros tinha uma oficina-fábrica (chamada de "Engenho") de fiação e cardação de lã. (já fizemos referência a esta fábrica em post anterior, na 1ª metade do séc. XVIII, possivelmente como tantas outras foi comprada e alterado o seu nome). Este mesmo industrial recebeu o titulo de Conde de Refúgio e depois de Conde da Covilhã e expandiu a indústria na região, em particular na vila de Unhais da Serra. Algumas das fábricas foram alterando o nome/proprietário ao longo do tempo, por exemplo; Dias & Pereira (Ceia (Vodra)), 1875, passa para João Dias & Sócio em 1905. Já em 1939, com apenas 20 operários é comprada aos herdeiros de João Dias pelo Comendador Joaquim Fernandes Ferreira Simões, pouco antes do inicio da segunda guerra mundial.
Nestas empresas fabricavam-se saragoças, briches, pano-mescla, baetas e palmilhas. No seu conjunto eram ainda muito tradicionais, imperando a roda hidráulica. Começam aparecer as máquina a vapor, força motriz alternativa. Curiosamente foi uma oficina-fábrica de pequena dimensão a 1º a possuir esta novidade industrial. A Dias & Pereira em Vodra, tinha uma máquina de 11 cavalos (fraca potência), mas a alternativa possível para fazer face à redução do caudal da ribeira de Vodra na estação seca. A máquina não funcionava todo o ano, no Inverno a energia utilizada era apenas hidráulica. Havendo pouca água trabalhavam as duas em simultâneo e no Verão, quando a ribeira secava, apenas podia ser usada a máquina a vapor.
Estas dificuldades obrigavam a uma cuidadosa gestão da água, surgindo mesmo conflitos entre agricultores e industriais, o que levava a que se recorresse frequentemente a trabalhos à noite, quando a água ficava mais disponível para a indústria, porque os lavradores não regavam. Apesar das quezílias, é unânime que a existência de energia hidráulica na Serra da Estrela, foi a principal culpada pelo atraso na introdução da ultima  tecnologia em termos de energia, o vapor. No inicio do séc. XX, continuava a roda hidráulica a alimentar a indústria no concelho. Energia a vapor, não obrigado. Apesar disso, a fábrica Martins & Camello, em São Romão, já possuía máquina a vapor em 1910 bem como a Pereira & Genro, em 1913.
Mas não era só a energia que dificultava a produção, a principal matéria prima (lã)  e o crédito também não abundavam. As lãs fornecidas pelos rebanhos locais, "longaes" não sendo suficientes para alimentar a indústria da região, eram consideradas de pouca qualidade para tecidos finos. Assim tonava-se necessário ir adquiri-las ao Alentejo, apesar do inconveniente de a lã alentejana, muito suja, perder na lavagem, metade do peso. Segundo o industrial António Brandão, as lãs importadas tinham maior "quebra" que as nacionais. Conforme já referido, o crédito era escasso, porque os estabelecimentos bancários existentes na vila, não viam com bons olhos este tipo de operações e os particulares emprestavam a troco de juros de 10% ou mais.    

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sabia que...

Fontes:
"Os Forais Manuelinos das "Vilas" do Município de Seia" - António H. P. Melo (2005)
"O Actual Concelho de Seia, na primeira metade do séc XVIII" - António Herculano da Paixão Melo (2003)
"Seia - porta aberta para a Serra da Estrela..." - Héstia editores (2002)

Os panos de lã começaram a ser produzidos em Portugal, ainda antes do seu nascimento. Eram panos "grosseiros" e "buréis" destinados ao povo. O clero e os nobres compravam os panos "finos" importados.
No século XII, são referidos com frequência  artesãos destes "buréis", como os "tosadores", os "tecelões" e os "tecedeiros", assim como os "teares" e os "pisões", onde os panos eram molhados e batidos para adquirirem maior consistência. À época, era um grande avanço tecnológico, montar os mesmos junto de correntes de água. Nos forais de D. Afonso, aparecem como grandes investimentos.
Nos forais de D. Manuel I, são fixadas taxas a pagar pelos "Panos finos", Seia e "Panos" em S. Romão;
Foral para Seia, concedido em 1 de Junho de 1510, na cidade de Santarém:
"Panos Finos
De todos os panos de seda ou de lã ou de algodão ou de linho, se pagará por carga maior, nove reais. E por menor quatro reais e meio. E por costal dois reais e dois ceitis. E por arroba um real. E dai para baixo soldo à libra quando vier para vender, porque quem levar os ditos panos ou de cada um deles retalhos e pedaços para seu uso, não pagará portagem, nem o farão saber.
Nem das roupas que comprarem feitas dos ditos panos. Porém, os que venderem pagarão como dos ditos panos na maneira que acima neste capítulo é declarado."
Foral para São Romão, dado em 22 de Janeiro de 1514 na cidade de Lisboa:
"Panos
E pagar-se-á mais de carga maior de todos os panos de lã, linho, de algodão de qualquer sorte que sejam, assim delgados como grossos. E assim da carga de lã ou linho fiados oito reais. E se a lã ou linho forem em cabelo, pagarão quatro reais por carga."

Assim como na actualidade, este sector já passou por muitas crises ao longo da história e no inicio séc. XVIII, as autoridades quiseram incrementar a produção local com algumas medidas. Uma delas, foi a obrigatoriedade dos militares usarem fardamento produzido na Covilhã. Na mesma altura o tratado de Methwen abria as fronteiras aos panos ingleses. Internamente, os condicionalismos eram contraditórios, como acontecia na regulamentação que proibia os tecelões da Guarda de trabalharem para os seus clientes, enquanto houvesse encomendas do Exército.
Ainda em relação ao séc. XVIII, conseguimos retirar das "Memórias Paroquiais", compiladas pelo Dr. António H. P. Melo, a seguinte informação;
Em Valezim os seus 250 vizinhos, "os mais deles mercadores de panos de vara, que se fabricam nesta terra".
Apenas sobre Valezim é referida a existência de tal comércio e fábrica, possivelmente esta actividade existia noutras terras, mas não é feita qualquer referência.
Em relação aos "pisões" existe noticia da sua existência em São Romão (11), Loriga, Valezim e Vila Cova (3 em cada) e em Alvoco da Serra (1). 
Valezim poderá ter sido, no nosso concelho, terra pioneira no fabrico de lanifícios. Era, na 1ª metade do séc XVIII, uma actividade industrial e comercial de relevo, fornecedora de receitas para os seus fabricantes (talvez artesanais) e comerciantes, por acréscimo, da população em geral.
Esta fábrica, em Valezim, fechou há cerca de 70 anos. Era movida através de uma roda hidráulica e cujo edifício ainda se conserva. Voltaremos a falar desta fábrica noutra época e noutro post. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nota informativa

Olá a todos os que vão seguir as filmagens do novo documentário através do blogue.
Este é o 5.º documentário que estou a realizar. Até agora dos 4 já realizados estará na vossa memória o meu último filme "Os Últimos Moínhos" vencedor de uma Menção Honrosa atribuida pelo Júri da Lusofonia no Festival de Cinema Ambiental - Cine´Eco 2009.
Desta vez, decidi escolher como tema a importância dos lanificios no desenvolvimento do Concelho de Seia e da própria região da Serra da Estrela uma vez que abordaremos este assunto também na Covilhã, Gouveia e outras localidades da Serra. Estudar o seu aparecimento, o auge e o declinio a que estas indústrias e esta área estiveram sujeitas. Do ponto de vista social e económico ninguém tem duvidas que as empresas que por aqui foram criadas contribuiram de forma muito significativa para o aumento da população residente, o aparecimento de outras formas de negócio e comércio, o aumento das construções, o desenvolvimento do nosso Concelho. Mais que um documentário que ficará para a história já era tempo de homenagear através da sétima arte os empresários e os operários que trabalharam anos e anos nesta indústria. As Freguesias do Concelho de Seia (Seia, S. Romão, Loriga, Vodra, St.ª Marinha, Vila Cova...) vão aparecer neste filme, sendo esta também uma forma de as divulgar do ponto de vista turistico nos festivais de cinema que esperamos venham a passar o filme já em 2011. Acompanham-me nesta aventura o Nuno Pinheiro meu Assistente de Realização neste doc o qual será responsável pelo trabalho fotográfico, criação e manutenção do blogue oficial e da página no facebook. Além dessas responsabilidades NP andará no terreno também a investigar sobre o tema fornecendo informações relevantes para a história. Marta Correia, Jornalista estará na recolha de informações e investigação cientifica sobre o tema, fazendo parte também dos entrevistadores. Estes serão os meus colaboradores mais directos sendo que há mais pessoas a trabalhar neste documentário. A partir de agora é a partir daqui que vamos informando tudo sobre o desenvolvimento deste doc e contamos com as vossas sugestões e comentários sobre esta matéria.