quinta-feira, 17 de março de 2011

Parque Temático dedicado à História de Portugal poderá ser instalado em Vodra


Câmara quer comprar património da Vodrages.
Eduardo Brito não divulgou valores para a aquisição, mas os bens imóveis e móveis foram avaliados em cerca de sete milhões de euros. A Câmara Municipal de Seia quer instalar em Vodra um Parque Temático dedicado à História de Portugal, anunciou Eduardo Brito na última reunião do Executivo, que decorreu no passado dia 13. Para o efeito, a autarquia terá de adquirir o complexo industrial da Vodrages (antiga Vodratex). Nesse sentido, a autarquia vai apresentar uma proposta para a aquisição dos bens imóveis, apreendidos a favor da massa falida e que se encontram em venda extra-judicial, através de negociação particular. Ao PE o autarca referiu ser um projecto a que «quer dar corpo» neste mandato: «Faz sentido que a
Câmara procure parcerias privadas para que se lance um projecto nessa área, de modo a que constitua um atractivo com dimensão nacional e internacional capaz de motivar a vinda de mais gente a Seia», adiantou. Salienta que «uma das hipóteses» possíveis de localização «poderá ser a fábrica de Vodra», embora não afaste outras, sem especificar quais. Por isso, a Câmara Municipal pretende entrar na corrida para a aquisição de nove prédios urbanos, seis prédios rústicos e um prédio misto, que se encontram implantados numa extensa área com cerca de nove hectares, avaliados em cerca de sete milhões de euros. Não está também posta de lado a hipótese de ser apresentada proposta para aquisição de alguns bens móveis que possam vir a enriquecer o património do futuro Museu dos Lanifícios. Sem nunca referir o valor da proposta a apresentar, adianta que a base de licitação «é muito elevada» e que «nem de longe nem de perto aquele terreno vale esse dinheiro». Instado também a especificar as linhas gerais do futuro Parque Temático, Eduardo Brito referiu que «é uma infra-estrutura cultural de grande dimensão», existindo neste momento apenas «uma espécie de guião», encomendado a uma empresa da especialidade, sobre o que deve ser um Parque daquela natureza. Esse estudo destacará a forte presença do elemento água, bem como, entre outros aspectos, a especificidade da configuração do terreno e da própria localização, deixando antever a fábrica de Vodra «como local com condições excelentes para desenvolver a ideia». Quanto a custos, o Presidente da Câmara disse que «é muito cedo» para avançar com estimativas: «Estamos apenas no momento dos estudos do ponto de vista científico e, portanto, ainda numa fase muito embrionária». Só falou agora no assunto para anunciar ao Executivo que iria ser apresentada uma proposta para aquisição dos bens móveis e para justificar o motivo do interesse camarário no terreno. «É cedo ainda para fixar custos», realçou. Confrontado com a questão de saber se a Câmara Municipal ao avançar para este Parque Temático não estaria a pôr de lado a proposta do Museu do Pão para a criação de um parque ligado ao tema, junto ao rio Seia, Eduardo Brito adianta que não: «Antes pelo contrário». Segundo o autarca, a novidade, «que já vem sendo trabalhada há dois anos», passa assim para o domínio público, sendo agora o tempo de começar a falar com os promotores – realçando que o Museu do Pão é um deles –, com os quais vai «trocar impressões», prometendo fazê-lo a breve prazo. Salientou, entretanto, que os contactos com a banca «já começaram».
Projecto poderá ser financiado pela União Europeia
O edil não esconde que o momento «não é bom», mas reafirma que estas obras «não escolhem momentos e que as dificuldades têm que ser vencidas com determinação e imaginação, procurando novas fontes de financiamento e novos parceiros». Disse também que o projecto vai ser objecto de candidatura ao Quadro de Referência Estratégica Nacional – QREN (2007-2013) – e que o Governo «vai ser confrontado» com a iniciativa, devendo «assumir a responsabilidade da conversão de uma indústria têxtil para outros fins». Um senão parece,contudo, afectar o investimento. As acessibilidades ao local constituem um problema que a Câmara terá que resolver urgentemente. «Isso também se resolve», adiantou, sem todavia mencionar quaisquer pormenores. Ainda que tenha defendido o projecto do Parque Temático, o Presidente da Câmara não escondeu o desejo de que possa aparecer ainda um empresário que pretenda montar ali uma nova indústria e criar novos postos de trabalho. «Mas caso isso não aconteça, a autarquia tem que intervir, porque tem responsabilidades no ordenamento do território». Pese embora o facto de um ano após ter sido decretada a falência não ter aparecido ainda um investidor interessado em manter os postos de trabalho, aproveitando a abundante água do complexo para aí instalar, por exemplo, uma secção de tinturaria e lavagem de lãs, o autarca temerá que a unidade seja convertida para o mesmo ramo. Deixa, por isso, um aviso ao mercado: caso a Câmara Municipal não consiga comprar o complexo, «não vai ser permitida ali a implantação de qualquer coisa, de qualquer maneira e feitio», até porque se trata apenas de uma zona industrial e florestal, «não tendo qualquer aptidão urbana», sublinha. Recorde-se que a falência da Vodrages - Tecidos e Fios, S.A., encerrada desde Janeiro de 2005, foi decretada pelo Tribunal de Seia em Julho do ano passado. Sobre a Vodrages pende uma hipoteca de 1,2 milhões de euros e um passivo próximo dos 10 milhões de euros. Já os cerca de 100 trabalhadores reclamam apenas um mês de salário em atraso e 50 por cento do subsídio de Natal. Os principais credores são o Montepio Geral, a Fazenda Nacional, o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), a Segurança Social e o Fundo de Revitalização e Modernização Empresarial (FRME). A Comissão de Credores, a quem cabe analisar as propostas e decidir, ou não, a sua adjudicação, é constituída pelo FMRE, Montepio Geral, IAPMEI, Segurança Social e Francisco Fernandes, representante dos trabalhadores.
A Vodrages sucedeu à Vodratex, que chegou a empregar 1.500 trabalhadores. A nova sociedade foi constituída por um grupo de funcionários locais e quadros de uma empresa de Castelo Branco; mas as dificuldades regressaram e o projecto fracassou no início de 2005.


Arquivo do Porta da Estrela: Edição de 20-06-2006

1 comentário:

Anónimo disse...

e já lá vão 5 anos.Já têm o parque temático em funcionamento?