domingo, 3 de abril de 2011

Salvemos o nosso Património Industrial


Concurso «Faz Portugal Melhor» - Relatório da Prova 1. Equipa «Parrimonius» - Secundária c/ 3.º CEB de Gouveia - GOUVEIA



1- Diagnóstico do tema/problema
Preocupa-nos o património industrial da nossa terra – Gouveia, que foi um dos teares da Beira
desde meados do séc. XIX e grande parte do séc. XX. Para José Guerrinha (2005, p.62), «a grande “revolução” industrial deu-se com a utilização da máquina a vapor. A primeira aplicação à indústria data de 1835, suscitando o aumento do número de fábricas. A moderna maquinaria também se repercutiu na indústria dos lanifícios, em Gouveia, pois se nessa ocasião laboravam em Gouveia 8 fábricas, e no concelho 16, passado uns tempos, em 1873, já funcionavam 23 fábricas com 192 teares manuais. A indústria de lanifícios foi o progresso desta zona ao longo dos tempos. Gouveia foi um importante centro fabril. Sentindo a importância das vias de comunicação, na segunda metade do séc. XIX modernizaram-se os transportes e as vias de comunicação.»
Toda esta actividade justificou que Gouveia se tivesse dotado de novas infra-estruturas – uma estação de caminho de ferro na linha da Beira Alta e novas estradas como a ligação Gouveia - Penhas Douradas, pelos finais do séc. XIX. De igual modo, toda esta actividade industrial ligada à pastorícia – a lã como matéria-prima importante foi, desde tempos imemoriais, uma actividade de suma importância para a região – associou-se às indústrias relacionadas com o fabrico de queijo.
Por outro lado, a par da actividade industrial surgiram manifestações culturais e de carácter religioso, o associativismo e o ensino. Todo este contexto histórico vinca Gouveia hoje, como uma terra com história e identidade próprias, não se podendo perder as suas memórias.
É bem provável que esta perda esteja associada ao declínio desta actividade de criação de gado e têxtil, embora os efeitos de homogeneização criados pela globalização cultural tendam a fazer esquecer as particularidades e heranças locais.
A imensa riqueza dos cursos de água, como as ribeiras, um património ambiental estratégico, deram origem à instalação dessa actividade industrial que hoje se encontra num ciclo degradativo, sem qualquer tipo de intervenção, quer dos poderes particulares, quer dos poderes públicos. São pedaços de memória que vão desaparecendo ou que o tempo se encarregará de fazer desaparecer, sem lhes dar novas serventias.
Como geração actual, cabe-nos lançar um grito de alerta para a sua salvaguarda: “Como e porquê?” Encontramo-nos numa região importante da Serra da Estrela e pensamos que terá de ser na região que teremos de encontrar o antídoto da salvaguarda, ou seja, o envolvimento das gerações locais e diferentes interveninentes sociais.
A região inclui os distritos da Guarda, Castelo-Branco e Coimbra e tem potencial humano, científico e técnico para com ele se fazer algo na defesa do património. Por isso, parece-nos como o mais ajustado a defesa do património associado, conforme defende Luis Sebastian (2005), quer pelos objectivos a defender, quer pela estrutura organizativa, quer pela espessura do património. A sua defesa pode e deve ser um potencial de futuro, envolvendo instituições universitárias, cientificas, escolas e população em geral, e pode ser geradora de emprego numa actividade que se apresenta como a principal para a região que é o turismo.
A Câmara Municipal de Gouveia, que adquiriu a antiga fábrica de lanifícios Bellino&Bellino, está a projectar a requalificação urbana da área (cerca de 20 hectares) e parece-nos um bom exemplo de intervenção pública para requalificação de zonas degradadas, salvaguardando o património natural e paisagístico e parte do património industrial.
Assim, a defesa deste património afigura-se como viável, integrado na Rota da Lã que necessita de ser dinamizada e revitalizada e que envolve a região da Serra da Estrela e a região espanhola fronteiriça (Cáceres). Está de acordo com o projecto PNPOT que chama a atenção dos programas Comunitários transfronteiriços como de grande importância e de viabilidade para o futuro. Há que associar estudos científicos, articulá-los e discuti-los e, aqui, parece-nos prudente e aconselhável à sustentabilidade do projecto aproveitar aquilo que está a ser feito pela UBI – responsável pelo Museu dos Lanifícios da Covilhã e que pode e deve ser um exemplo a seguir.

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